Translate

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Revisitando as Poesias sobre minha Depressão- Shadows


Quando eu escrevi o "Cause I'm a Writer E Outras Histórias" aqui no blog em 2015, eu expliquei muito por cima toda a temática de Depressão e sobre a minha real vontade de morrer, então vou pegar algumas das poesias que já foram apresentadas e interpretadas aqui, fazer uma pequena revisão.

Eu não me lembro ao certo se mencionei em algum dos textos como eu me refiria a essas poesias da Depressão, mas nas tags vocês podem encontrá-las como "Poesias Cinzentas".

Poesia do dia 1 de março de 2014 (sábado)

Shadows

Antes, tudo era escuridão
E eu vivi nela até meus olhos se acostumarem
Com vultos, vi imagens se formarem...
Achei que aquilo era visão!
Achei que dava para as luzes me encontrarem...


O caminho era longo, o fim, distante,
Muitas vezes, tropecei e caí...
Não havia muito mais que sentir...
Havia só a promessa farsante
De um dia verdadeiramente existir...


Na escuridão, não há asas, não há flor.
A escuridão é o oposto do amanhecer.
Na escuridão, não se pode nem mesmo morrer...
Mas a morte não se afasta e está na dor...
A escuridão não é mais que sofrer...


Esse lugar faz chover incessante
Ou talvez seja só o meu desejo...
A chuva não é luz, mas me vejo
E a escuridão não perdoa o instante,
Não perdoa meu pequeno lampejo...


Minha chuva, a tristeza não afoga,
Desolação que sufoca meus passos,
Ofegante, eu caio aos pedaços...
Minha alma pela luz roga,
Sem forças, me carrego em meus braços!

Essa foi a última poesia que eu consegui escrever, já faz um bom tempo e ela fala quase abertamente sobre como eu estava me sentindo. Ela fala sobre se acostumar à escuridão, que é conviver com a doença, fala sobre o caminho ser longo e sobre os tropeços, que é toda vez que você pensa que está no seu domínio e a doença volta a te derrubar.

Alguém uma vez me disse que eu era como um pássaro sem asas, porque artistas costumam ser engolidos pela própria arte e não conseguem ficar em paz num lugar só, enquanto que eu era calma e estática; essa pessoa não percebeu que eu era um túmulo por fora pra manter meus monstros gritando apenas aqui dentro! Essa metáfora das asas, como eu já expliquei antes, está ligada à minha infância, não que eu me considerasse mais livre quando criança, mas a ideia de crescer e não voar mais explica muito bem a sensação.

"Na escuridão, não se pode nem mesmo morrer...
Mas a morte não se afasta e está na dor..."


É triste e ao mesmo tempo tão bonito falar da depressão dessa maneira poética. Que saudades de escrever poesia!


Meu verso preferido com certeza é o último: "Sem forças, me carrego em meus braços!". Não tem ninguém dentro do seu próprio eu para te salvar da Depressão, só você mesmo!

Vejo vocês no próximo
Déborah Felipe

Nenhum comentário:

Postar um comentário