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terça-feira, 22 de agosto de 2017

Revisitando as Poesias sobre minha Depressão - Soneto da Liberdade



A poesia de hoje, como eu já falei quando ela foi para o Poetry Time, fala sobre um dos meus mitos Gregos preferidos que é o de Ícaro. É triste pensar que eu gosto dele, mas a metáfora é tão perfeita que não tem como não gostar, é uma metáfora sobre Liberdade e sobre Sonhar!

Pra quem não conhece o mito, ele é mais ou menos assim: Dédalo era um grande inventor ateniense e foi quem criou o Labirinto do Minotauro, a pedido do rei Minos. Quando Teseu venceu o monstro e saiu do Labirinto, Minos culpou Dédalo por toda a desgraça e aprisionou o inventor e seu filho, Ícaro.

Juntando as penas das aves, Dédalo construiu asas para que os dois saíssem de lá. Ele alertou Ícaro para que não voasse nem tão baixo, perto do mar, nem tão alto, perto do sol. Mas Ícaro se deslumbrou durante o voo e não seguiu a orientação de seu pai, voando alto e o Sol derreteu a cera que mantinha as penas das asas coladas, fazendo-o cair para a morte.

É uma história muito triste de verdade, fala sobre sonhar alto e sobre como as coisas podem não sair como você espera.

Poesia do dia 25 de julho de 2008 (sexta-feira)

Soneto da Liberdade

Anseia pelo céu, toda criatura que só conhece o chão

E eu sonho em partir minhas correntes e voar...
Toda leveza que o pensamento precisa encontrar
Há muito, vem ecoando no meu coração...

Eu temo menos cair com as frágeis asas da ilusão
Porque cair é um preço pequeno a se pagar...
Pequeno demais perto de tudo do que quero me libertar,
Pequeno demais perto de toda minha solidão...

A cela que inquieta minha alma a partir
É o casulo que tenta me enlouquecer,
Que aprisiona meu coração a não sentir.

E sufoca a minha vontade de viver.
Não é por mal que me machuco ao insistir,
Mas fugir é minha única opção pra não morrer.


Eu gosto muito de escrever sonetos, apesar de eles serem tortos e sem métrica (os grandes poetas se revirariam com o que eu chamo de sonetos, eu sinto muito!), mas eu gosto muito mesmo! Acho tão bonito!

Eu quero destacar aqui as duas últimas estrofes, que são o motivo para essa poesia estar aqui revisitada:

"A cela que inquieta minha alma a partir/ É o casulo que tenta me enlouquecer,/ Que aprisiona meu coração a não sentir / E sufoca a minha vontade de viver./ Não é por mal que me machuco ao insistir,/ Mas fugir é minha única opção pra não morrer."

Eu quis colocá-las aqui porque nós sempre vemos a metáfora do "casulo" como algo transformador e libertados, mas, assim como temos no mito de Ícaro, nem tudo que nos liberta pode só nos fazer bem. Esse casulo me aprisiona, me enlouquece, me machuca e vai me matando aos poucos. Esse casulo me mudou de certa forma, mas esse casulo não trouxe só isso consigo.

Vejo vocês no próximo
Déborah Felipe

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